quarta-feira, 22 de maio de 2013

Em Prosa e Verso

Busco viver em prosa
O reverso do verso
O concreto, o direito
O avesso do mal-feito.

 Desfeita da vida Retorno ao verso
Pois a verdade métrica Desperta a lógica.
O querer insólito
Do peito concreto.

A descrença mórbida
Destrói o afeto.
 O que busco é tão simples
Que se faz complexo.

 A vida assim, sem adjetivo
Sem ilusões, sem nexo.

 O preto no branco
O verso e o reverso
O direito e o avesso
O plano e o abscesso.

Repenso o que digo
Reviso as palavras
Deponho as armas
A “sábia” só sabe que não sabe nada.

Orgulho? Dispenso!
Não me valeu de nada
Por isso, eu peço
Pense de novo, volte à largada.

 Enfadonho?
Exaustivo?
Decerto, entendo
Mas a vida é ciência
Não é conta exata.

 Pois pássaro sem pouso
Exaure à invernada
E, de tudo que aprendi
Compreendi que não sei nada.

 Rosana Kolaga

Calada da Madrugada

Cala madrugada!
Permanece assim, calada.
Não reveles os segredos dos amantes
Que da lua se escondem
Ardentes
Errantes.

Que desvelam segredos escusos
Obscuros
Confusos
Obtusos conceitos que guardo em mim.

 Não permitas que o orvalho desça
 E permaneça
Gelando as folhas
Lavando as almas.

Escusando falhas de causas perdidas.
Escondendo atos sem significado
Das senhoras honradas.

Incendiando fotos não mais permitidas
Ocultando provas dos desejos velados
Que outrora seriam corajosos atos
Mas que hoje não passam de insanos pecados. 

Portanto, amiga madrugada
Sê gentil
Permanece calada.

Não derrame na calçada o que se teme revelar até ao pensamento.
Não desmanche assim o brio
Vazio
De quem pode nem saber o significado desse desvario.

Obrigada, pois calada
Nobre e gentil madrugada
Permites que a criança não fique assustada.

E que o adulto não se desmascare
E deixe de ser o herói
Dos contos de fada que a fazem ninar.
E lhe permitem permanecer a sonhar
Até o dia em que ela mesma deseje seu silêncio.

 Rosana Kolaga